Estavam na academia de luta do Colégio Madrecruz, às dez da noite. Não
havia, com toda certeza, uma única alma viva pelo menos zanzando pelo colégio. A
academia era dividida em três partes: a primeira era cheia de tapetes pretos no
chão e pesos empilhados no lado esquerdo; a segunda parte continha um octógono
e um armário com luvas e ataduras; a terceira parte era uma sala coberta de
espelhos e barras. Parecia-se muito com a sala de ballet, exceto pelo chão que
não escorregava. Era nesta parte que Catarina Clain, a maior lutadora do
colégio, ensinava Valentina alguns princípios de luta.
Após o sumiço de sua irmã, Valentina está disposta a fazer de tudo para
deixar de ser tão inútil, em seu ponto de vista. Para isso, pediu a ajuda da
lutadora. Fez exatamente o que a garota a sua frente pediu: três chutes
aumentando gradativamente a força.
A bailarina respirou fundo e fechou os olhos. Sua rotina já era apertada
tendo que ter as aulas comuns do ensino médio durante a manhã, o estágio no
Jornal de 13:00 às 15:00, aula de ballet três vezes na semana de 15:30 às
16:20, aula de botânica duas vezes na semana de 15:20 às 16:40 e mais aulas
normais do ensino médio das 17:00 até às 20:00. Os poucos momentos de descanso
eram dados para refeições e trabalhos escolares. O pensamento de Valentina voou
para Antonietta.
Era 25 de janeiro e as irmãs
Villnuev brigavam mais uma vez.
A casa estava completamente
vazia, exceto pelos três irmãos: Cameron, o mais velho, um rapaz loiro com enormes
olhos castanho-claro, tem 21 anos e faz faculdade de engenharia, cuida das
irmãs como um pai; Valentina, a irmã do meio ruiva, uma bailarina clássica de
17 anos; e, a mais nova, Antonietta, uma garota de quase 15 anos, ruiva e a
“queridinha” da casa.
Cameron, cansado dos vários
gritos vindos do andar de cima e sem conseguir estudar em paz, resolve pôr um
fim na briga das irmãs caçulas.
Antonietta permaneceu calada.
A menina agora se vestia com um lindo vestidinho branco, extremamente largo e
com saltos azuis, realçando cada vez mais o brilho de seus olhos. A garota era
idêntica à mãe com seus olhos num azul penetrante e era simplesmente
encantadora com sua cabeleira vermelho-fogo. A garota saiu da sala correndo,
chorando. Cameron voltou para seus estudos e Valentina foi para o seu quarto
ver televisão.
Algumas horas mais tarde,
Antonietta foi até o quarto da irmã.
Valentina não reparou que havia sentado no chão da sala e estava
chorando, falando a história toda em voz alta. Revivendo-a. Catarina estendia
para ela um copo com água e açúcar, provavelmente tentando acalmá-la. Valentina
o aceitou e logo se controlou melhor.
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