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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fanfic: Bad Girls Don't Cry - Capítulo 9 -- Valentina

   -- Quero que dê três chutes com a perna direita, aumentando gradativamente a força. – Valentina escutava as instruções com toda a atenção do mundo. – Coxa, cintura e nuca.
   Estavam na academia de luta do Colégio Madrecruz, às dez da noite. Não havia, com toda certeza, uma única alma viva pelo menos zanzando pelo colégio. A academia era dividida em três partes: a primeira era cheia de tapetes pretos no chão e pesos empilhados no lado esquerdo; a segunda parte continha um octógono e um armário com luvas e ataduras; a terceira parte era uma sala coberta de espelhos e barras. Parecia-se muito com a sala de ballet, exceto pelo chão que não escorregava. Era nesta parte que Catarina Clain, a maior lutadora do colégio, ensinava Valentina alguns princípios de luta.
   Após o sumiço de sua irmã, Valentina está disposta a fazer de tudo para deixar de ser tão inútil, em seu ponto de vista. Para isso, pediu a ajuda da lutadora. Fez exatamente o que a garota a sua frente pediu: três chutes aumentando gradativamente a força.
   -- Quero mais força. O primeiro chute serve para desestabilizar o adversário então, consequentemente, ele deve ser forte. – disse Catarina. – Consegue usar mais força além da que usou no último chute?
    -- Creio eu que não. No ballet não treinamos força dessa forma, transferindo-a para chute.
   -- Ótimo! – sorriu a garota que podia ser tanto uma loira quanto uma morena – Agora já sei por onde começar.
   -- Como assim?
   -- Vou tentar fazer uma fusão da sua delicadeza com a minha força. Para isso, precisaria que você fizesse pelo menos a aula de fortalecimento aqui na academia.
   -- É a aula que acontece nessa sala, correto? –ela assentiu. – Vou pedir a diretora para encaixar na minha grade de horários de sábado. Mas aí a gente vai deixar de treinar juntas?
   -- Não. Treino com você dia sim, dia não. – Valentina arregalou os olhos. – Neste mesmo horário. Acha que consegue?
   A bailarina respirou fundo e fechou os olhos. Sua rotina já era apertada tendo que ter as aulas comuns do ensino médio durante a manhã, o estágio no Jornal de 13:00 às 15:00, aula de ballet três vezes na semana de 15:30 às 16:20, aula de botânica duas vezes na semana de 15:20 às 16:40 e mais aulas normais do ensino médio das 17:00 até às 20:00. Os poucos momentos de descanso eram dados para refeições e trabalhos escolares. O pensamento de Valentina voou para Antonietta.

   Era 25 de janeiro e as irmãs Villnuev brigavam mais uma vez.
   -- Você acha que pode mandar em mim só porque é mais velha! – gritava Antonietta.
   A casa estava completamente vazia, exceto pelos três irmãos: Cameron, o mais velho, um rapaz loiro com enormes olhos castanho-claro, tem 21 anos e faz faculdade de engenharia, cuida das irmãs como um pai; Valentina, a irmã do meio ruiva, uma bailarina clássica de 17 anos; e, a mais nova, Antonietta, uma garota de quase 15 anos, ruiva e a “queridinha” da casa.
   -- Eu estou fazendo isso para o seu bem, menina! Entenda, de uma vez por todas. – rebateu Valentina.
   Cameron, cansado dos vários gritos vindos do andar de cima e sem conseguir estudar em paz, resolve pôr um fim na briga das irmãs caçulas.
   -- Vocês duas, parem! – a voz de Cameron, embora seja baixa, é autoritária. – Antonietta, não quero você perto do Thiago.
   -- Por que?
   -- Você namorou esse menino antes e ele só usou você. Não seja ingênua a ponto! – disse Valentina.
   -- Estou falando com o Cameron, sua chata.
   -- Antonietta, respeito com sua irmã. Já disse que não quero as duas brigando. – Cameron parecia cansado. Cansado da vida, dos estudos, da discussão e, o mais importante, cansado das irmãs. – Não quero você perto do Thiago. – repetiu ele.
   Antonietta permaneceu calada. A menina agora se vestia com um lindo vestidinho branco, extremamente largo e com saltos azuis, realçando cada vez mais o brilho de seus olhos. A garota era idêntica à mãe com seus olhos num azul penetrante e era simplesmente encantadora com sua cabeleira vermelho-fogo. A garota saiu da sala correndo, chorando. Cameron voltou para seus estudos e Valentina foi para o seu quarto ver televisão.
   Algumas horas mais tarde, Antonietta foi até o quarto da irmã.
   -- Valentina? – bateu na porta e entrou. – Me desculpe.
   -- Você é minha irmã. Não tenho escolha. – Valentina continuava a olhar para seu celular, sem nem seques mover o olho para a irmã. A raiva dentro dela ainda estava viva.
   -- Posso ir na casa da Myrcella?
   -- Não estou com a menor vontade de atravessar três bairros para te levar à casa de sua amiguinha.
   -- Eu vou sozinha, então. – disse a menina, empinando o queixo.
   -- Então vá, já que é tão dona de seu nariz.
   
   Valentina não reparou que havia sentado no chão da sala e estava chorando, falando a história toda em voz alta. Revivendo-a. Catarina estendia para ela um copo com água e açúcar, provavelmente tentando acalmá-la. Valentina o aceitou e logo se controlou melhor.
    -- Não sabia que sua irmã estava sumida. – disse calmamente Catarina.
   -- E a culpa é minha. – brutalmente, Valentina passou as costas das mãos no rosto, limpando as lágrimas. – E é por isso que estou tentando aprender luta. Quero ser menos inútil. Mesmo minha rotina não dando lugar para treinar tanto, preciso fazer isso. É a vida de minha irmã caçula que está em jogo.

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